A imagem da cidade do Porto aparece muito associada ao granito pela expressividade que este material empresta aos seus edifícios históricos. A verdade é que a arquitectura tradicional do Porto tem um outro material que, apesar de mais discreto que o granito, é um dos seus elementos mais típicos: a madeira. Com efeito, a madeira está presente nos edifícios históricos desde da estrutura da cobertura, até ao vigamento horizontal e soalho, passando pela caixilharia, pelas paredes interiores em tabique e caixas de escadas. A sermos justos teríamos de reconhecer que o empresta o carácter único à arquitectura burguesa portuense é a madeira através dos seus múltiplos usos. Em situações excepcionais – e cada vez mais raras por causa das intervenções mais destrutivas – a madeira assume o protagonismo normalmente dado ao granito e permite-se à função de parede exterior através da técnica do tabique frontal, um esqueleto em madeira preenchido com tijolo ou outro material. Trata-se de um estratagema que permite aumentar o número de pisos sem sobrecarregar a estrutura do edifício e, em alguns casos, permite ainda avançar sobre a rua e ganhar área útil, assumindo uma configuração em socalcos em que os pisos superiores vão aumentando progressivamente a área disponível relativamente aos pisos inferiores. Deste sistema construtivo de elevada complexidade sobrevivem no Porto poucos edifícios. Este conjunto situado no gaveto Rua da Taipas / Rua da Vitória chegou até ao século XXI em muito mau estado por falta de manutenção. A estrutura de madeira original apresentava um elevado grau de degradação, o que ditou a decisão de substituir uma parte significativa desta (cerca de 60%) por novos elementos em madeira que replicaram as técnicas tradicionais em tabique frontal.

Visite a página do projecto Aqui.

© floret - oficina de arquitectura